“Como veterano da Gloriosa Polícia Militar, onde servi de 1984 a 2015 em diversas funções administrativas, operacionais e especializadas, acompanho com atenção as recentes operações policiais no Rio de Janeiro e as iniciativas em curso para combater o crime organizado. É fundamental que a sociedade compreenda a complexidade desse cenário e as soluções necessárias.
É imperativo parabenizar a coragem e a dedicação inabalável dos policiais militares que atuaram e continuam a atuar em operações de alto risco, como a “Operação Contenção” nos complexos do Alemão e da Penha. Esses valorosos homens e mulheres colocam suas vidas em risco diariamente e, em alguns casos, fazem o sacrifício supremo em nome da segurança pública. A cada policial tombado, reforçamos nosso compromisso com a proteção da sociedade e a luta incessante pela ordem.
Nesse cenário de enfrentamento ao crime organizado, é com grande satisfação que observo a formação do “Consórcio da Paz”. Coordenado por governadores de diversos estados, como o governador Ronaldo Caiado, essa iniciativa representa um esforço conjunto fundamental. O consórcio surge como uma resposta vigorosa e coordenada à complexidade do crime que transborda fronteiras estaduais, assumindo um papel crucial na lacuna muitas vezes sentida pela ausência de uma Força Nacional mais presente e atuante em operações dessa envergadura. A união de inteligências, recursos e estratégias estaduais é, sem dúvida, um passo decisivo para enfrentar de forma mais eficaz a criminalidade organizada.
No entanto, as operações policiais, embora essenciais, trazem um impacto profundo nas comunidades. Se por um lado desarticulam atividades criminosas e podem trazer alívio momentâneo, por outro, é inegável que a vida dos moradores é diretamente afetada. Não podemos ignorar a dura realidade dos jovens que crescem nas comunidades e, muitas vezes, são “produtos do meio”, acabando por ser aliciados e alienados para a vida do crime. Essa é a face mais cruel da ausência brutal do Estado em oferecer perspectivas e oportunidades. O combate ao crime organizado exige não apenas a força policial, mas também uma atuação inteligente do Estado, com políticas públicas abrangentes e bem direcionadas. Investimentos massivos em educação, esporte, cultura, infraestrutura e, principalmente, geração de oportunidades são fundamentais para oferecer um futuro diferente a essas gerações e desconstruir a base de aliciamento do crime.
Observamos com atenção as ações de El Salvador sob o presidente Nayib Bukele no combate ao crime organizado. A firmeza e a determinação demonstradas em desmantelar as estruturas criminosas, reestabelecendo a ordem e a segurança para a população, servem como um exemplo da necessidade de o Estado retomar o controle de seu território. Embora cada contexto exija adaptações e respeite suas particularidades democráticas, a mensagem é clara: a inação ou a complacência não são opções quando a paz social está em risco.
Em conclusão, como especialista em segurança pública e presidente da Associação dos Veteranos do Estado de Goiás, reafirmo: a polícia é o braço forte do Estado na luta contra o crime organizado. A sociedade não pode e não deve ficar refém de criminosos que ameaçam a paz, a ordem pública e a liberdade dos cidadãos. É dever irrenunciável do Estado, por meio de suas forças de segurança e com a inteligência de políticas públicas integradas, agir com a máxima determinação e responsabilidade para proteger seus cidadãos e garantir a soberania sobre todo o seu território.
Além disso, é fundamental que o Estado, em parceria com as famílias, implemente campanhas de conscientização para orientar os jovens sobre os riscos mortais de seguir o caminho do crime. Programas educativos, palestras em escolas e comunidades, e a promoção de atividades culturais e esportivas podem desempenhar um papel crucial na prevenção e na construção de um futuro mais seguro para nossa juventude.”
Atenciosamente,
Coronel Almeida
Especialista em Segurança Pública
Presidente da Associação dos Veteranos do Estado de Goiás

